terça-feira, 3 de julho de 2012

11. Você não é meu pai.



- Você não é meu pai.

     Já era noite e eu estava na casa da minha avó (paterna), deitado na cama grande de molas com edredom floreado com um xalé azul bebe por cima e um mosqueteiro também azul no quarto de minha bisavó.
Quando uma visita logo chega, mal eu pensava que o pesadelo estava por vir, o monstro, a coisa, o ser
o pai.

Meu pai?

       Ouvi então muita gente falando, minha avó gritava alto.
Então me chamaram até a cozinha e lá se encontrava um homem alto, magro, de calças jeans surradas com rasgos nos joelhos, jaqueta de couro com spikes, cintos de couro, piercings por toda parte a orelha era toda fechada com brincos, a sobrancelha raspada e também fechada com piercings, na bochecha e outros que não sei bem dizer o lugar, como um moicano pra cima cabeça raspada dos lados e para completar tatuagens em quase toda parte do corpo.
 
        E não bastando estava com ele uma mulher de cabelos muito avermelhados ( pintados) calça de couro cintura alta, também cheia de piecings.

Quando cheguei na cozinha eu criança me assustei!

Voltei ao quarto e me agarrei nas pernas de minha bisavó.
Eu realmente tinha ficado com muito medo daquela pessoa e me levaram a força, sim, a força pois aí eu já estava chorando e quando disseram 

VEM DAR OI PRO TEU PAI!
 
         Foi então que não somente já chorando, comecei me espernear e a gritar alto, tentar fugir daquela pessoa. Mas não havia saída, não tinha como fugir dali. Corri rapidamente para baixo da mesa junto com as cadeiras que me protegiam e aquele homem aquele monstro estendendo suas mãos para mim dizendo..

- Vem com o pai! Vem!

E aquela mulher assustadora, ao lado dele me observando sorrindo forçadamente ao lado dela também um menino estanho de cabelos compridos, que também parecia ter mais ou menos minha idade.

E no ato de desespero eu gritei.

- VOCÊ NÃO É MEU PAI!

Ele parou, olhou para mim, olhou para o resto da família em volta e deu um sorriso irônico e disse..

- Mas quem é teu pai então? como tu nasceu? quem te fez?!

Falava isso rindo e todos davam gargalhadas envolta da mesa me cercando.

Eu insistia chorando: Não, você não é meu pai. Você não é meu pai!
 
- Minha mãe me teve, só ela. Minha mãe me teve sozinha! dizia eu.

 Neste momento ele estava tirando da bolsa um presente para mim (é claro, como não) era um macacão de jeans (super desejado na época) ele estendia os seus braços para baixo da mesa tentado me alcançar, me agarrar, me puxar. Me comprar.

    Ele estava me expondo, tudo o que eu sentia era medo. sem saber por que.
Eu não sabia como agir, nem ao menos sabia como eram feito bebes, tudo o que eu queria era minha mãe. 

Ela era tudo o que meu pai nunca foi. M(pãe)!
  
Foi assim que conheci meu pai. Depois de 5 anos de idade.

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