terça-feira, 29 de maio de 2012

10. Pão, Margarina e Mosquito


10. Pão, Margarina e Mosquito

Era pão com margarina e muito mosquito a noite que agente vivia.
Era com pão margarina e mosquito que agente dormia.
Era com fedor e fumaça de “boa noite” que agente espantava.
Era com ventilador, quebrado apoiado na cadeira que o calor passava.  
Pra que ar condicionado? O vento era quente, a janela ficava aberta com as estrelas iluminando o céu.

Deitava-me naquele sofá cama, que ficava divido em três.
Tomava um copo de café com leite quente, logo Mimi pulava pra cima da cama, lia o livro da biblioteca que eu dormia.

Era escovando o cabelo no espelho e cantando John Lennon que minha mãe ficava acordada.
E meus olhos se fechavam
Eu, era feliz e não sabia.

domingo, 27 de maio de 2012

9. Feridas e raspadas de cabeça.





9.       Feridas e raspadas de cabeça.

Então ainda estando na primeira serie, na escola João Paulo IVX comecei a conhecer melhor os meus colegas, como eu estudava em uma escola de comunidade, tinham muitas crianças carentes. ( talvez até piores do que a minha situação)
Lá, conheci uma menina que já chegou na turma chorando. Era gordinha, cabelos ruivos e crespos ( curtos, mal cortados) tinha olhos claros, joelhos gordos e totalmente esfolados..
Muitas marcas e feridas de cair no chão, de tantos tombos. ( acho que ela não conseguia andar direito) ela estava sempre tropeçando, sempre caia, mal conseguia subir os degraus.

As crianças da turma perceberam a sua fragilidade e começaram então a empurra-la propositalmente ao chão, para que ela caísse realmente e se machucasse mesmo. ( faziam isso e saiam correndo)
Lembro-me que uma vez na saída para o intervalo, toda a turma saiu disparada correndo pela porta e todos empurraram aquela garotinha. Ela ficou lá chorando, todos saíram correndo na frente. ( a professora já havia saído na frente também com os alunos).

Eu logo percebi que ela estava chorando e a encontrei caída no chão.(eu também costumava sair por ultimo da sala)
Ela estava chorando muito, pois havia aberto algumas cascas de seus machucados (que haviam virado já feridas)  

Estava saindo muito sangue, escorria pela sua perna.
Então me abaixei para falar com ela tentando ajuda-la, mas não lembro o que falei
Mas naquele momento ela nunca mais saiu da minha cabeça. 

Não sei o seu nome. Não onde está.
Lembro que ficamos amigos por pouco tempo, emprestávamos nossos lápis de cor.  
Mas logo a trocaram de escola.

O que terá acontecido com aquela gordinha de joelhos esfolada?


-
Lá conheci também 2 irmãos. A Maria ( que já havia repetido a primeira serie) e o irmão dela. Eram duas crianças carentes que moravam mais abaixo do vila..
Maria sofria muito bullying, era chamada de piolhenta, magricela pela turma inteira. Não fazia as provas e não costumava estudar.
Conforme o tempo fui conhecendo melhor Maria, depois da escola eu a via voltando da creche com um bebe agarrado em seu colo (ela com a mochila nas costas e o bebe em outro braço com as pernas entre a cintura dela). 

Descobri então que era seu irmão mais novo aquele bebe e que na verdade ela tinha MUITOS irmãos,
eram todos muito pobres e a mãe deles era trabalhava com Carroça (de cavalo), reciclando para poder sustentar o restante dos filhos. 
 
Muito pobre perto de mim e minha mãe, com aquele salario de 150, 00 de merda na época.
Foi então que comecei a ficar amigo de Maria, peguei piolho de Maria. E eu adorava e dava a mínima para aquilo. Afinal tinha a cabeça raspada constantemente.

Certa vez Maria chegou na sala com a cabeça completamente raspada também. Pois a mãe dela havia recebido reclamações vinda de outros pais e viu-se obrigada a raspar a cabeça de todos os filhos.

O nível de bullying foi bem MAIOR.

Mas ela enfrentava todos, falava palavrão, revidava e parecia conseguir lidar bem com tudo aquilo. Era invocada e batia se fosse preciso. Todos tinham medo dela.

Uma vez descobri que na saída da escola a Maria passava lá na cozinha do refeitório para levar Leite   ( em uma garrafa pet de plástico de 2 lt) e algumas bolachas Maria ou o que sobrava do dia pra casa, para seus outros irmãos menores.
Ela fazia isso com frequência, pois depois que ficamos amigos éramos sempre os últimos a sair daquela escola, comecei a ajudar ela a carregar as coisas até uma parte do caminho.

Voltávamos sempre alegres, cantando ou rindo de alguma coisa.



Hoje eu só consigo pensar, de onde ela tirava aquela confiança toda.
Aquela alegria?

- Obrigado Maria.



sexta-feira, 25 de maio de 2012

8. Mimi, a minha gatinha.


8.       Mimi, a minha gatinha.

Foi naquela padaria (que mais parecia uma garagem) que estava fixado uma folha escrita: 

- Doam-se gatinhos.

Imediatamente naquele momento, puxei a saia da minha mãe e disse:

- Mãe, eu quero aquele!

Lembro que fomos até atrás do balcão onde se encontrava uma pequena caixa de papelão, forrada com jornais velhos, onde estava muitos filhotes de gatinhos, todos aninhados.
Pequei o mais diferente entre eles, era o malhadinho na cor cinza de olhos verdes (o mais comum). Aquele foi um dia muito especial para mim.  Meu primeiro animal de estimação! Emoção que toda criança deveria ter.

Foi então que eu e minha mãe colocamos aquele pequeno pedaço peludinho, que não parava um momento quieto de miar, enrolamos em um saco plástico, pois tinha um vento muito forte, amarramos tudo e colocamos naquela cestinha da bicicleta caloí,  viajava apenas com a cabeça para fora observando tudo ao seu redor...

E lá íamos eu e minha mãe para casa, andando, empurrando aquela bicicleta rosa com nosso mais novo companheiro gatinho – no mesmo instante já escolhemos o nome.

ERA MIMI!
Não sabíamos o sexo ainda, mas era mimi.
Pra sempre Mimi.
-

Descobrimos depois que Mimi, vinha ser uma gatinha!
Oh que surpresa! ( minha mãe ainda ficou ressabiada, pois ela poderia vir a ter crias, foi que disse) Mimi, era minha fiel escudeira, minha confidente. Dormia sempre comigo.

Nossa casa era de madeira velha, a porta realmente era muito velha, a madeira já havia apodrecido, então abrimos um buraco na parte de baixo ( para que a Mimi pudesse sair a noite.. e voltar)

Sempre quando eu voltava da escola, chegava e esperava a minha mãe na casa da Dona Maria, que dividia conosco ( aquela senhora bêbada..) a Mimi estava lá, na frente da porta me esperando, sentadinha.

Era sempre, toda vez que eu minha mãe saiamos e voltávamos tarde da noite,
Lá estava a Mimi, sentada na frente do portão de entrada esperando a gente, logo quando ela nos via próximo chegando, disparava correndo em nossa direção.
( lembro me que assistia tudo sentado no banco de trás da bicicleta)
E lá vem a  Mimi, miando enlouquecidamente, envolta da bicicleta nos acompanhando.

Eu a amava.
( até hoje não consigo entender, como ela era tão esperta e porque fazia isso?)

Lembro-me das vezes, que eu e minha mãe tínhamos que armar de fugir escondido para a Mimi não ver a gente sair. Por que senão ela queria vir atrás. ( e nos preocupava)
Existia vezes que ela vinha realmente corrente atrás de nós pela bicicleta, miando, miando...
Gritando. Chorando.

E eu dava tchau para ela, com uma mão agarrada na cintura de minha mãe e a outra abanando, sentado na cadeira de trás da bicicleta...

Eu gritava:

- tchau mimi.
- tchau,

E lá voltava ela a sentar no meio fio da calçada, com as patinhas retinhas quase em pé.
E apenas piscava os olhinhos..

E assim eu a via desparecer...

7. O presentinho



7.       O presentinho

Pois bem, meu primeiro presente foi em um aniversario feito na sala de aula. (quando ainda estava na primeira serie). 

Era o aniversario da Bianca. Morena indiazinha.
Recebi um belo convite, pois afinal era colega dela. Corri direto contar para minha mãe, pois eu precisava de um presente urgente. ( pois queria ser aceito e ser igual. todos iriam levar) eu como eu adorava ganhar presente, gostava muito de presentear também.

Eu e minha mãe fomos, a uma lojinha onde vendia vários artigos de papelaria, materiais escolares, bonecas enfim. Foi quando me apaixonei por um prendedor de cabelo estampado ( da minnie) pois era o maximo que minha mãe podia gastar ( custava em torno de uns 2,00 ou 1,99).

Eu fiquei deslumbrado como o meu primeiro presente! Não queria dá-lo. (Na verdade queria pra mim). Então no aniversario da Bianca, todos arrastaram as mesas, entrou o bolo os docinhos, e todos foram dando seus presentes.. ate que chegou minha vez, Bianca olhou para meu presentinho em um pacotinho (minúsculo

disse: - Só isso?

Na mesma hora, (sem entender) fui tirando minhas canetinhas hidrocores e meus lápis e meu apontador colorido.. coloquei em sua mão rapidamente, sorrindo.

disse -  tem mais isso!

Bianca, pareceu dar a mínima pois havia ganhado presentes mais interessantes (do que o meu)
Eu estava feliz, com um sorriso enorme por fazer aquilo. Eu estava feliz por ela. Eu adoraria ganhar aquilo.
Mas algo me dizia que estava faltando. algo.

E apartir daquele dia eu começei a perceber algumas coisas...

quinta-feira, 24 de maio de 2012

6. Boióla

6.       BOIÓLA

- Ô Boióla. risadas ao fundo.

Foi essa palavra estranha (ofensa?) que ouvi pela primeira vez no meu primeiro ano de escola, ainda me lembro do dia. Foi quando a professora Marcia estava falando com a turma e eu não queria atrapalhar, levantei da cadeira e sorridente, entusiasmado exclamei:

Querida, professora!

Eu era uma criança muito inocente e educada digamos assim. Eu amava o fato de ir para escola, eu esperava tanto o dia em que isso chegasse. Aquilo era o máximo pra mim. foi. 

Quando ouvi boióla, bem, eu não sabia bem o que aquilo significava. mas me lembro perfeitamente da professora, ter xingado alguns do meninos que disseram isso. 
E a turma quase inteira riu, eu fiquei pensando..

o que isso? que palavra estranha é essa? porque eles riram?
O que isso quer dizer? é bom? é ruim¿ será que gostaram de mim?
tente pensar o que se passava naquela mente confusa de apenas uma criança.
Cheguei em casa naquele dia, e perguntei a minha mãe.

- Mãe o que é boióla?

Ela simplesmente, me abraçou forte. E disse que não era nada. Mas eu também sem entender nada, não entendia o porque daquilo, por que ela estava me abraçando?

Alguém morreu?

segunda-feira, 21 de maio de 2012

5. Escola - o 1º ano de muitos.

5.       Escola - o 1 ano de Muitos.

João Paulo IVX era nome da minha primeira escola, ops digo não foi a minha primeira, antes foi Escola Fatima, que obviamente ficava no bairro fatima..( na parte classe media do bairro) lá eu estudei quase 1 mês, ou primeiro semestre inteiro. Até minha mãe conseguir vaga para a minha escola Jão Paulo IVX na frente de casa, do outro lado do valão.

Depois do meu primeiro mês na outra escola eu estava muito triste, bem triste por saber que iria trocar logo cedo de escola. (Pois tinha feito amizades lá) Mas o que me surpreendeu foi ter encontrado a minha mesma professora da escola antiga, pois ela estava dando aula lá em outro turno e agora eu estava estudando a tarde!
Maravilha.!

Abri o sorriso, a esperança tinha voltado. 
Eu não a tinha perdido, a minha professora querida ainda estava lá.   

A Professora Marcia.
Ela era, magrinha, baixinha, cabelos pretos e usava óculos.

Acho que ela tinha orgulho de mim. ou pena.

4. A mudança

4.       Mudança.

Então, nosso bairro, nossa comunidade estava ficando cada vez mais violenta. E aquela briga com a prefeitura, aquele barro só subia, e cada vez mais gente aparecia. Minha mãe resolveu se mudar daquele lugar.. e partimos para o bairro vizinho.

O Bairro Fatima.

Fomos morar (de favor) junto com uma velhinha da Dona Maria. A dona Maria era magra igual a Olivia (palito) pelo menos era assim que minha mãe falava, dona Maria era viúva, não lembro se tinha filhos (devem tê-la abandonado) ela era bem humilde, pobre e bebum. Sim, ela bebia muito. ( e quando criança eu não entendia bem o porque. Mas ela acordava a noite e ficava gritando, fazendo barulho e caia da cama, minha colocava ela de volta) enfim..

Nossa casa era muito pequena, pequena mesmo. Era um quadrado, uma peça comprida de madeira, com frestas também, era tipo um cortiço. Com muitas outras pessoas e famílias no mesmo pátio,  mas dessa veze tinha asfalto (mas era do lado no valão) Dick a gente chamava é tipo um esgoto a céu aberto. 
Mas ali aquela parte ainda era considerada limpa pois ainda era razo, era um esgoto que cruzava boa parte de canoas..
Mas embora o fedor, tinha crianças naquele lugar.

E a escola ficava na frente de casa, do outro lado do valão.

Dick a gente chamava é tipo um esgoto a céu aberto. (mais ou menos assim)

3. Creche, o parque de prisão.

3.      Creche, o parque de prisão.

A primeira coisa, lembrança que me vem quando penso em creche é: Café com Leite, Bolacha Maria, Arroz e feijão misturados em um pratinho de plástico, Vacinas,  brinquedos, hora do sono (forçado). 
E CHORO, muito choro de criança.

Comecei a ir para creche desde de muito pequeno. A lembrança que tenho era quando minha mãe me acordava pela manhã, bem cedo naquele inverno bem frio, vestia em mim um blusão azul bordado uma carinha “sapeca de um menininho com boné” que o tecido era de veludo, (eu amava) e aquela maldita calça justa (feminina) colada que tinha umas alças que encaixavam abaixo do pé. Como eu odiava aquilo

Ela me colocava na cadeira de trás da bicicleta e ali eu ia agarrado com os meus braços em sua cintura com minha cabeça deitada em suas costas (bunda) durante o trajeto inteiro. 

Ela me largava na creche, eu ainda como sono me despedia e dali ela partia para o trabalho, eu ficava na janela olhando ela ir embora, ficava na ponta dos pés para poder enxergar melhor e enquanto ela não desaparecesse eu não desgrudava dali.

E lá ia ela com sua bicicleta, as vezes me abanava. As vezes não.

2. Pés no barro

2.       Pés nos barro.

Foi daí que eu me lembro de onde tudo aconteceu, aquela lembrança no inicio, do principio, do começo de tudo. Quando eu tento lembrar da minha primeira lembrança.. me vem
PES NO BARRO! A gente morava eu e minha mãe em um bairro chamado JOAO DE BARRO no bairro Niterói de Canoas, era uma invasão. Varias pessoas ali na aquela época invadiram e determinavam seu terreno a fim de que a prefeitura uma vez pudessem nos legalizar. (isso foi uma barra, ainda me lembro) mas enfim, tinha barro. MUITO BARRO. Aquele vermelho.

Agente morava em um casebre, que era somente uma peca de madeira, com frestas que entravam vento frio, o telhado era de zinco e tinha uma patente no lado de fora. ( patente, era aquele banheiro típico de interior...que fazem um furo no chão e ali vão sendo dejetados todos os dias as necessidades.) aquilo era fundo, fedido e sempre tive medo. E nojo. 
Parecida a boca de um monstro. E era.

Ali, na aquele lugar lembro-me de muitas coisas, lembro quando eu corria de pés descalços, de quando roubaram meu chinelo novo que tinha ganhado. Tenho quando dançava É o tchã, quando vi um balão de ar pela primeira ver no céu. Quando presenciei um tiroteio, ficava sabendo de pessoas que haviam sido mortas ali, lembro da prefeitura quando tentaram nos tiram de lá.

A coisa que mais adorava naquela época era ir buscar água na Caixa de água (aquelas gigantes que ficam no alto) pois na comunidade ainda não tinha encanamento nem saneamento enfim...
Daí buscávamos água em galões, baldes. Era tão divertido, ainda me lembro que tomava banho junto com outras crianças de mangueira ao ar livre, ali mesmo.

Conheci minha melhor amiga. A Eliane ( só de me lembrar, dessas coisas já me emociono. desculpem) e Eliane era minha melhor amiga, nós brincávamos muito, corríamos em dia de chuva pelo barro de pés descalços, atormentávamos os vizinhos, jogávamos bola, esconde-esconde, pega-pega, dançávamos e cantávamos (adorávamos cantar!)  Bom, desde de sempre tive mais facilidade e entrosamento de amizade com meninas. Eliane, era bem loirinha, cabelos quase brancos de tão loiros. Se ainda me lembro era filha de um pai também desconhecido ou o pai não queria saber dela mesmo. Mas lembro que ela tinha padrasto. A família dela era grande lembro que ela tinha milhares de irmãos, lembro de um se chamava Sebastião, que tocava violão que até minha mãe chegou a namorar.

Lembro como se fosse ontem, quando começaram a surgir bares, botecos, com onde vários velhos bêbados e barrigudos reuniam-se.. onde tinha mesa de sinuca e pista de boliche.
Aquele era o nosso lugar preferido, adorávamos ficar assistindo eles jogarem. ( mesmo não entendo nada) sempre que conseguíamos reunir alguns trocados íamos correndo comprar, balas, bolachinha recheada SAPECA, pirocoptero que sempre parava em cima de algum telhado ou aquele pirulito que era uma cestinha de plástico que agente assoprava o ar para levantar e permanecer a bolinha dentro da cestinha. enfim ( agente adorava esse pirulito) ... e os sonhos.

Ah, os sonhos.
Ainda me lembro quando nós colocávamos as moedinhas todas em cima do balcão com as ponta dos pés, empurrando com os dedinhos. ( pois o balcão era muito alto) e não alcançávamos.
O sonhos eram recheados de mu-mu. (doce de leite). Era a coisa mais deliciosa e maravilhosa que uma criança poderia ter.

Eu chegava a sonhar com sonhos.

O diário de um Menino Estranho.


O diário de um Menino Estranho. ( EU, eu mesmo e só)
A breve historias das historias

Embora poucos, ninguém ou nenhum esteja interessado. Aqui estou falando da breve historia das minhas historias. Sincero, aberto, sem mentiras ou ficção.

1.       Eu, minha mãe e aquele.
Nasci em 19 de julho de 1990, na cidade de Canoas, Rio Grande do Sul.
Filho de mãe solteira de apenas 19 anos de idade.
Minha mãe trabalhou muito na naquele tempo para me criar, pagava aluguel e ganhava um misero salario que na época era em torno de 150,00 reais. E eu como criança inocente nunca prestei atenção. Eu queria era sim muita atenção.

Pra que hoje eu estivesse aqui, escrevendo minha historia seja lá pra quem for.
Minha mãe era humilde, cabelo crespos, meio cigana com estilo hippie. Trabalhava limpando casas, cuidando de crianças, limpando prédios, vendendo algodão doce na praça. ( eu adorava algodão doce). Minha mãe não tinha terminado os estudos, pois fugiu com 15 anos de casa, para se aventurar.. ( fugir da prisão).
Filha adotiva, minha mãe cresceu em uma família rica alemã conservadora, era sozinha. ela conhecia a sua mãe verdadeira, mas não convivia com ela. ( a historia da minha avó eu conto depois)

Minha mãe cresceu acreditando ser filha de um homem que nem dava a minha atenção para ela, minha mãe tinha uma irmã (mais velha) que também sabia dessa situação, mas não contou. Minha mãe cresceu naquela cidade do interior. Limpava toda a casa, contava ela. que lavava os jeans sujos, encardidos e macacões de trabalho de todos os homens da família, pois era uma família grande. Então, perto dos 15 ela teve uma discussão com minha tia ( essa também eu conto depois) que nessas minha tia contou da forma mais cruel, que minha mãe não era filha de quem ela pensava ser.

O mundo dela caiu.

Aos quinze anos minha mãe foge de casa, ( queria saber mais detalhes dessa época) mas até hoje minha mãe não comenta sobre isso. ( deve ter sido muito difícil para ela). Mas ainda vou descobrir.
Conheceu o meu pai, ah o meu pai.

Pai (do latim patre; também chamado de genitor, progenitor, ou ainda gerador). Pode –se dizer assim. Meu pai pelo que sei sempre foi uma pessoa marginalizada também, conta minha mãe que ele também chegou a fugir de casa com 13 anos. E o meu tio (irmão do meu pai) foi preso quando ainda era de menor, na verdade acho que meu pai chegou a cumprir aquelas penas para adolescentes também sabe. Diziam que meu pai era muito rebelde..( não sei porque).

Conheci meu pai com 5 anos de idade (sim) foi uma experiência que ainda guardo na minha cabeça como se fosse ontem. (Mas essa prometo que vou contar mais adiante). Meu pai era punk. Sim, punk e já não bastando era também tatuador. ( seu apelido era Rato Tatto). Quando o conheci  meu pai ele já tinha muitas tatuagens pelo corpo. ( era 70% coberto) braços, pernas, costas, peito. Enfim. Com muitos piercings também. Pode-se se dizer assim..REBELDE!¿

Conheceu minha mãe, na naquela época deviam ter se interessado os dois, por talvez terem historias opiniões, gostos, meio parecidos, fugidos de casa também..enfim. ( conta minha  mãe que se conheceram em Porto Alegre) que meu pai era loiro (descolorido), com aquele famoso corte dos 80’s. ( eu tento só imaginar) chegaram a morar junto. Até que veio a grande surpresa.

Eu!

O que aconteceu?
Bom, meu pai deixou dela. Pois não estava disposto, nem apto para criar um novo filho e nem deixar a vida que levava.. com muita diversão, drogas e rock’n roll..
Afinal eram jovens!

COOL? 

- não.